Por: Mariana Garcia
Muitos podem definir a música como genérica, mas o combo “Chromatica I (interlude) + Alice” vai além. Apesar de não ter uma sonoridade ousada ou inovadora no cenário musical, a faixa apresenta um estilo que não se ouve há muito tempo no mainstream. A produção é coerente do início ao fim, respeitando a estrutura e o propósito da música, que é ser uma grande farofa pop, eletrônica, eurodance e house das pistas de dança.
A interlude entrega um ar misterioso crescente que permanece até poucos instantes depois de entrarmos em “Alice”. A partir daí, a ponte para o refrão é construída de imediato e, antes dos vinte segundos, já é possível sentir a explosão com a chegada do ápice da batida. A sensação é de que Gaga pretendia conquistar as pessoas com o álbum logo de cara e que todos ficassem presos no universo que criou. E, claro, que não quisessem outra coisa a não ser continuar experienciando o restante da tracklist.
Apesar de soar divertida e cativante, a faixa conta com uma composição sombria, na qual Gaga se diz cansada de gritar a plenos pulmões, fala que está caindo num buraco e pede ajuda para ser salva e levada para o país das maravilhas. As letras intensas estão presentes em praticamente todas as músicas do Chromatica e "Alice" é uma ótima escolha para introduzir isso, pois se trata de uma síntese perfeita do que estará por vir: muita dança, mas com lágrimas ao mesmo tempo.
O trecho em que a voz dela está sintetizada traz enorme nostalgia aos fãs mais antigos justamente por relembrar álbuns como The Fame e The Fame Monster, nos quais a cantora utilizou tal recurso diversas vezes. E, pessoalmente, o saudosismo dessa época é o principal motivo para que Alice seja tão especial. Como faixa de abertura, ela só não supera a atemporal "Bad Romance", mas tem personalidade o suficiente para cultivar um grande interesse pelo conceito da era. O que confirma que Lady Gaga quis servir o que os fãs tanto a pediram ao longo dos últimos anos.
