CRÍTICA | Big Little Lies é a série que você vai se arrepender de não ter visto antes

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Por: Mariana Garcia

A produção da HBO, lançada em 2017, tem duas temporadas e é baseada no livro homônimo da autora Liane Moriarty. Ela inicia contando a história de três amigas moradoras da pequena cidade de Monterey, na Califórnia, até que um caso de bullying ocorre na escola que seus filhos frequentam e abre portas para a revelação de segredos sombrios de cada família, levando ao desenrolar de diversas tramas paralelas.

Além dos conflitos pessoais e domésticos, que são a essência da série, a narrativa gira em torno de um mistério apresentado desde o primeiro episódio: um homicídio. O plot pode soar clichê por ser explorado em inúmeras histórias de suspense, contudo, "Big Little Lies" encontrou uma maneira de enriquecer a fórmula. Ao invés de focar em quem é o assassino, o mistério real se trata de quem é a vítima. Embora a resposta para essa questão não seja imprevisível a partir de determinado ponto, ainda assim, o drama prende a atenção e mantém intacta a necessidade de saber como tudo aconteceu e quais serão os efeitos colaterais da fatalidade.

A série dirigida por Jean-Marc Vallée e Andrea Arnold assumiu um risco por trazer à tona tópicos intensos e difíceis de serem retratados. Como relacionamentos abusivos, adultério, estupro, agressão física e psicológica, e até mesmo formas de violência que fogem desses rótulos mais conhecidos. No entanto, o resultado é positivo porque foram abordados com extremo cuidado e seriedade. Os roteiristas buscaram equilibrar tais aspectos com recursos de alívio cômico e tramas secundárias leves, mas não foram o suficiente para suavizar o impacto. Por isso, vale ressaltar que as cenas com esses conteúdos são explícitas, podendo gerar gatilhos em quem se sente fragilizado pelas situações.

Com tantas adversidades ao decorrer dos episódios, era de se esperar que houvesse certa união das protagonistas para enfrentá-las. Todavia, o que acontece é mais profundo do que isso. No final da segunda temporada, há uma sororidade e rede de apoio tão bem denotadas que são capazes de emocionar. Especialmente se você for mulher, porque apenas mulheres podem saber o que as outras sentem sem que nada precise ser explicado, algo que a série evidencia em vários momentos.

As cinco de Monterey (Renata, Celeste, Madeline, Bonnie e Jane).

Mais uma qualidade de "Big Little Lies" que não passa despercebida é que todos os personagens são ambíguos. Nenhum é totalmente bom ou totalmente mau. Eles possuem várias camadas e isso mostra que foram extremamente bem construídos, pois se aproximam muito de pessoas reais. Outro destaque vai para a fotografia e os cenários, lindos elementos visuais que fazem toda a diferença para contribuir com o clima misterioso da história e a elegância do estilo de vida em Monterey.

Estrelada por um elenco de altíssima categoria formado por Reese Witherspoon, Nicole Kidman, Shailene Woodley, Zoë Kravitz e Laura Dern, a série foi vencedora de oito Emmys no ano de sua estreia. Incluindo a categoria de Melhor Atriz para Nicole, que entregou uma performance brilhante e irretocável como Celeste. Entre os atores coadjuvantes estão os talentosos Adam Scott, Alexander Skarsgård e a lendária Meryl Streep, que interpreta uma vilã execrável do jeito que só ela sabe fazer.

Apesar de ter sido dada como concluída, aparentemente a obra fictícia ainda não terminou. O criador David E. Kelley e as atrizes Nicole Kidman e Shailene Woodley declararam em entrevistas que a terceira temporada vai acontecer eventualmente e que tudo é uma questão de sincronizar as agendas da equipe para que comecem a gravar.

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