Por: Mariana Garcia
Lançado pela Netflix em abril deste ano, o documentário em formato de minissérie, “Conversando com um Serial Killer: O Palhaço Assassino”, conta a história de John Wayne Gacy. Um homem que friamente torturou, estuprou e tirou a vida de 33 rapazes entre 1972 e 1978, em Illinois, Chicago. O caso também já foi abordado no livro “Killer Clown Profile: Retrato de um Assassino”, lançado pela editora DarkSide Books em 2019.
Durante os três episódios da produção, a violência exacerbada de Gacy é detalhada por investigadores e advogados que trabalharam no caso, e também por vítimas que sobreviveram aos ataques. Os relatos são assustadores, revoltantes e nos fazem perder mais um pouco de fé na humanidade. “Como é possível que alguns se achem no direito de cometer tantas atrocidades simplesmente porque tiveram vontade?”, é a pergunta que você fará a si mesmo enquanto assiste.
O diferencial do documentário, além de ser muito completo e bem construído, é a presença do áudio real de uma entrevista realizada com John Gacy logo após sua detenção, em 1978. O material exibido não é nada fácil de digerir, porém necessário para “compreendermos” a causa de tudo. Na conversa, ele opinou preconceituosamente sobre homossexuais, deu declarações extremamente insensíveis sobre as vítimas e garantiu que não sentia remorso por nada do que poderia ter feito a elas — até então, não havia confessado os crimes e dizia não saber se os cometera. Ele ainda afirmou que se livraria com facilidade dessa acusação por ser um homem de poder.
O Caso
Gacy era casado, bem relacionado onde morava e ocupou cargos importantes. Um deles na administração de três unidades da rede de fast-food KFC. Ele possuía, de fato, certa relevância e respeito na comunidade, mas estava longe de ter a influência que imaginava em sua mente deturpada.
Para ele, ser gay era algo inaceitável e desprezível porque não deveria existir amor entre pessoas do mesmo sexo; enquanto ser bissexual significava gostar de promiscuidade sem envolvimento emocional, algo com que se identificava. Contudo, ele mantinha isso em segredo, pois na época poderia afetar o estilo de vida que lhe servia de fachada para a realidade obscura repleta de violência, abuso de menores e assassinatos.
John Wayne Gacy quando foi encarcerado (1978).
Embora seja conhecido como Palhaço Assassino, o apelido não tem relação direta com os horrores praticados pelo serial killer e, sim, com o fato dele ter se fantasiado algumas vezes para ir a eventos de caridade e festas infantis — a fim de alimentar a imagem de bom homem. John gostava do personagem porque, segundo o próprio, tudo o que fizesse poderia ser relevado com a justificativa do humor. Desde piadas ofensivas, toques não consentidos em partes íntimas alheias, até homicídios.
Todos os seus alvos eram do sexo masculino, e a maior parte adolescentes que capturava em momentos oportunos e levava de carro, à força, para a garagem de casa; na qual podia ter privacidade por ficar separada da residência. Havia também vítimas que Gacy conhecia por meio de amigos e, depois de algumas bebidas e conversas descontraídas, as surpreendia com um ataque acompanhado de algemas e cordas — algo que ele explicou na entrevista como fazia, junto com as técnicas utilizadas. Em seguida, vinham as agressões físicas, sexuais e mortes.
Dentro de pouco tempo desde a prisão, John Gacy confessou todos os crimes e até colaborou com as investigações desenhando um mapa para que a polícia localizasse os corpos ocultos. Ele costumava esconder os garotos já sem vida na parte inferior da própria casa, entre o vão e o assoalho, onde as autoridades encontraram o total alarmante de 26 corpos. Outros três foram achados ao redor da propriedade, e mais quatro jogados no rio Des Plaines. O assassino em série foi condenado à pena de morte, que ocorreu por injeção letal em maio de 1994, dezesseis anos depois.